Alterações na voz e pigarro crônico ligados ao refluxo silencioso

O refluxo laringofaríngeo (RLF), frequentemente chamado de refluxo silencioso, ocorre quando conteúdo gástrico atinge a laringe e a faringe, provocando irritação das pregas vocais e das mucosas superiores. Ao contrário do refluxo gastroesofágico clássico, muitos pacientes com RLF não têm azia, o que atrasa o diagnóstico. A exposição repetida a ácido, pepsina e outros conteúdos gástricos causa inflamação crônica, edema das pregas vocais e alteração da vibração das cordas vocais — resultando em rouquidão, voz cansada, perda do timbre ou variações na performance vocal.
Principais sintomas associados
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rouquidão crônica ou alteração do timbre da voz;
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pigarro crônico e necessidade frequente de limpar a garganta;
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sensação de “bolo” ou algo preso na garganta (globus);
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tosse seca persistente, especialmente ao deitar ou pela manhã;
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dificuldade em projetar a voz ou fadiga vocal em profissionais da voz.
Ausência de azia não exclui o refluxo laringofaríngeo.
Quem está em maior risco
Profissionais da voz (cantores, professores, operadores de call center), fumantes, pessoas com sobrepeso abdominal e quem faz refeições pesadas à noite apresentam maior tendência a desenvolver RLF sintomático. Medicamentos que relaxam o esfíncter esofágico inferior e condições que aumentam a pressão intra-abdominal também elevam o risco.
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico é clínico e funcional, complementado por exames quando necessário:
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Avaliação otorrinolaringológica com laringoscopia (videolaringoscopia) revela edema, hiperemia e sinais de irritação nas pregas vocais;
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pH-impedanciometria ou pHmetria prolongada são úteis para documentar eventos de refluxo que alcançam a faringe;
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Endoscopia digestiva alta pode ser solicitada se houver suspeita de doença esofágica associada;
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avaliação fonoaudiológica é importante para caracterizar alterações vocais e planejar reabilitação.
Tratamento e abordagem prática
O tratamento combina medidas comportamentais, terapêuticas para refluxo e reabilitação vocal:
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Mudanças no estilo de vida
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evitar refeições volumosas ou 2–3 horas antes de deitar;
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elevar cabeceira da cama;
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reduzir alimentos refluxogênicos (café, álcool, frituras, alimentos muito condimentados, tomate, chocolate);
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perder peso e parar de fumar;
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evitar roupas muito apertadas na cintura.
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Terapia medicamentosa
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inibidores da bomba de prótons (IBP) por período dirigido (avaliar resposta clínica);
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alginatos como barreira mecânica após refeições;
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ajuste de medicações que favoreçam refluxo quando possível.
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Reabilitação vocal
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trabalho com fonoaudiólogo para reduzir pigarro crônico, melhorar técnica respiratória e economizar a voz;
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estratégias de higiene vocal são essenciais, sobretudo para profissionais da voz.
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Tratamento cirúrgico
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fundoplicatura ou outras abordagens anti-refluxo são consideradas em casos refratários que não respondem a medidas combinadas.
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Sinais que exigem investigação urgente
Rouquidão progressiva por mais de 3–4 semanas, perda de peso inexplicada, dor intensa, disfagia progressiva ou sangramento exigem avaliação imediata para excluir causas mais graves.
O que você pode fazer agora
Anote quando a alteração vocal ou o pigarro aparece (horário, relação com refeições, presença/ausência de azia), reduza hábitos refluxogênicos e agende avaliação com otorrinolaringologista e gastroenterologista se os sintomas persistirem por mais de 2–4 semanas ou se forem incapacitantes.
Clínica Pronto Gastro São Paulo
Responsável Técnico: Dr. José Luiz Capalbo – CRM: 71430-SP
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