Refluxo em quem pratica musculação: o que muda na pressão abdominal

Durante séries pesadas (agachamento, levantamento terra, supino), é comum usar a manobra de Valsalva para estabilizar o tronco. Essa técnica aumenta a pressão intra-abdominal (PIA) e torácica, pressionando o conteúdo gástrico contra o esfíncter esofágico inferior (EEI). Se o EEI estiver mais “relaxado” (por genética, dieta, bebidas ou remédios), a chance de refluxo e azia aumenta, especialmente com o estômago cheio.
Mecanismos envolvidos
-
Aumento agudo da PIA: cargas altas e cintos de levantamento elevam a PIA, melhoram a estabilidade, mas também favorecem o retorno do ácido se o EEI for incompetente.
-
Respiração e timing: expirar tardiamente ou prender o ar por muito tempo amplifica a pressão sobre o estômago.
-
Comida no estômago: treinar logo após refeições volumosas aumenta distensão gástrica e facilita a regurgitação.
-
Posturas específicas: flexão do tronco (remadas curvadas, terra) e decúbito (supino, abdominais declinados) tendem a piorar sintomas.
Sinais de alerta no treino
-
Queimação retroesternal durante ou logo após a série;
-
Ácido/“gosto amargo” subindo para a boca;
-
Tosse seca, pigarro ou rouquidão recorrentes pós-treino;
-
Desconforto epigástrico com sensação de empachamento.
Persistindo por semanas, progrida na investigação — refluxo não tratado pode trazer complicações.
Como ajustar o treino sem perder performance
Antes do treino
-
Faça a última refeição 2–3 horas antes das cargas principais; prefira porções menores e baixa gordura.
-
Evite gatilhos individuais: café em excesso, chocolate, álcool, menta, frituras.
-
Hidrate-se em goles fracionados (evite grandes volumes de líquido próximos às séries).
Durante o treino
-
Respiração: evite Valsalva prolongada; use expiração controlada na fase concêntrica quando possível.
-
Cinto: use o cinto apenas em sets máximos; aperto excessivo aumenta a PIA sem necessidade.
-
Seleção de exercícios: intercale movimentos de alta PIA com exercícios em posição ereta; reduza abdominais declinados e isometrias longas em flexão de tronco quando houver crise de azia.
Após o treino
-
Aguarde 30–45 min para refeições maiores; opte por shake leve (proteína + carboidrato de fácil digestão) se necessário imediato.
-
Evite deitar por 2–3 horas; elevar a cabeceira ao dormir ajuda quem tem sintomas noturnos.
Outras estratégias úteis
-
Controle de peso/cintura: reduzir gordura visceral diminui a PIA de base e melhora o refluxo crônico.
-
Procicinéticos/IBP: podem ser indicados pelo médico em fases sintomáticas ou ciclos de treino pesado.
-
Planejamento: posicione exercícios mais “gatilho” longe de refeições e reduza repetições forçadas com apneia prolongada.
Quando procurar avaliação
-
Azia ≥2 vezes/semana, engasgos ou dificuldade de engolir, tosse/rouquidão crônicas, dor que acorda à noite ou perda de peso.
A avaliação pode incluir endoscopia, pHmetria e manometria para mapear gravidade e personalizar o tratamento — sem abandonar o esporte.Clínica Pronto Gastro São Paulo
Responsável Técnico: Dr. José Luiz Capalbo – CRM: 71430-SP
(11) 95935-9649
Clique aqui para entrar em contato via WhatsApp