Gastrite química por bile: refluxo duodenal que irrita a mucosa do estômago

A gastrite química por bile (ou gastropatia por refluxo duodenogástrico) ocorre quando bile e sucos duodenais retornam para o estômago, irritando a mucosa. Diferente do refluxo ácido “clássico” (do estômago para o esôfago), aqui o problema é dentro do próprio estômago: a bile quebra a barreira protetora do muco gástrico e desencadeia inflamação química.
Por que acontece (fatores de risco)
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Cirurgias gástricas prévias (ex.: gastrectomia parcial, cirurgia antirrefluxo, bypass com anastomoses);
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Pilororrafia/piloroplastia ou incompetência do piloro;
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Colecistectomia (remoção da vesícula) em alguns casos;
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Distúrbios motores do estômago/duodeno (esvaziamento gástrico alterado);
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Uso crônico de AINEs e ingestão de álcool podem agravar a irritação.
Sintomas mais comuns
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Dor epigástrica e queimação que podem piorar após refeições;
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Náusea e vômitos — às vezes com conteúdo amarelado/verdoso (bile);
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Sabor amargo na boca, plenitude e inchaço abdominal;
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Piora noturna ou ao deitar; possível perda de apetite e perda de peso em quadros prolongados.
Como diferenciar de “gastrite por ácido” ou DRGE
A DRGE envolve o esôfago. Na gastrite por bile, os principais sintomas concentram-se no epigástrio e no estômago, com náusea/vômito biliar e endoscopia mostrando bile estagnada na câmara gástrica e mucosa eritematosa/erosiva. Antiácidos isolados podem ter resposta parcial, reforçando a suspeita de componente biliar.
Diagnóstico
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Endoscopia digestiva alta: evidencia bile no estômago, hiperemia/erosões e, às vezes, hiperplasia foveolar típica de gastropatia química (biópsias ajudam a excluir outras causas).
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Estudos funcionais (quando necessário): avaliação do esvaziamento gástrico; pH-impedanciometria em suspeita de duodenogastroesofágico; cintilografia em casos selecionados.
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Exames de sangue avaliam anemia e marcadores nutricionais se houver perda ponderal.
Tratamento — passos práticos
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Mudanças de hábito
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Refeições menores e fracionadas; evitar deitar nas 2–3 horas após comer;
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Reduzir álcool, gorduras e alimentos muito condimentados;
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Elevar a cabeceira da cama; manter peso saudável.
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Terapia medicamentosa
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Protetores de mucosa (ex.: sucralfato) para cicatrização;
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Ursodesoxicólico (UDCA) pode modular a bile e melhorar sintomas em casos selecionados;
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Procineticos para otimizar esvaziamento gástrico;
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IBP (inibidor de bomba de prótons) pode ajudar quando há componente ácido, mas não age sobre a bile — por isso costuma ser associado a outras medidas.
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Opções avançadas
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Em casos refratários, avaliação cirúrgica (ex.: desvio em Y-de-Roux) pode reduzir o refluxo biliar. A indicação é individual e multidisciplinar.
Quando procurar avaliação
Se você apresenta dor epigástrica, náusea/vômito amargo, resposta parcial a antiácidos e antecedente de cirurgia gástrica ou colecistectomia, procure gastroenterologista. A confirmação por endoscopia e o tratamento precoce reduzem risco de erosões, sangramento e piora nutricional.
Clínica Pronto Gastro São Paulo
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