Doença de Cronkhite-Canada: sinais além dos pólipos

A síndrome de Cronkhite-Canada (CCS) é uma condição rara, adquirida e não hereditária, caracterizada por polipose gastrointestinal difusa associada a manifestações cutâneas e das unhas. Geralmente diagnosticada em adultos de meia-idade ou idosos, a entidade combina sintomas digestivos (diarreia crônica, perda de peso, má-absorção) com alterações ectodérmicas como alopecia, hiperpigmentação cutânea e onicodistrofia (unhas frágeis, deformadas ou que se desprendem).
Por que a pele e as unhas mudam
A inflamação difusa e os pólipos no trato gastrointestinal muitas vezes resultam em má-absorção e perda de proteínas pela mucosa (protein-losing enteropathy). Essas alterações nutricionais e inflamatórias anunciam-se externamente por meio de perda de cabelo, ressecamento e pigmentação atípica da pele e alterações nas unhas. Em diversos pacientes, a melhora do quadro nutricional e o controle da inflamação levam à recuperação parcial ou total dessas manifestações cutâneas.
Quadro clínico — como costuma aparecer
Os achados mais frequentes incluem:
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diarreia crônica, com fraqueza e perda de peso progressiva;
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múltiplos pólipos distribuídos no estômago, intestino delgado e cólon;
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sinais de má-absorção: hipoalbuminemia, deficiências de ferro e vitaminas;
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alterações cutâneas: hiperpigmentação difusa, pele seca e fragilizada;
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alterações nas unhas (onicodistrofia) e queda de cabelo.
Complicações possíveis são anemia, desnutrição grave, obstrução intestinal por massas poliposas e, em alguns relatos, risco aumentado de neoplasia em áreas de polipose.
Diagnóstico — exames e confirmação
A suspeita clínica nasce da combinação de sintomas digestivos com alterações tegumentares. A investigação inclui exames laboratoriais que avaliam nutrição (albumina, eletrólitos, vitaminas) e inflamação, além de testes para excluir causas infecciosas. O exame confirmatório envolve endoscopia digestiva alta e colonoscopia com múltiplas biópsias das lesões poliposas. A histologia costuma mostrar pólipos com inflamação crônica e alterações arquiteturais distintas que, junto com o quadro clínico, apoiam o diagnóstico. Avaliação nutricional completa e imagem abdominal ajudam a traçar extensão e gravidade.
Tratamento — abordagem multidisciplinar
Não existe um protocolo universalmente padronizado, mas a prática clínica consolidou princípios terapêuticos recorrentes:
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Suporte nutricional precoce: correção de hipoalbuminemia, reposição de ferro e vitaminas, dieta hipercalórica/proteica quando necessário; em casos graves pode ser indicada nutrição enteral ou parenteral temporária.
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Terapia anti-inflamatória/imunossupressora: corticosteroides sistêmicos costumam induzir melhora clínica em muitos pacientes; terapias esteroidossparing (azatioprina, metotrexato) e agentes biológicos têm sido usados em casos refratários conforme evolução clínica.
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Controle de complicações: manejo de anemia, tratamento de infecções associadas, e intervenção endoscópica ou cirúrgica para complicações localizadas (obstrução, hemorragia).
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Acompanhamento endoscópico: monitoramento periódico para avaliar regressão dos pólipos e detectar alterações neoplásicas precocemente.
O prognóstico melhorou com reconhecimento precoce e suporte nutricional adequado, mas a doença ainda exige vigilância clínica prolongada e abordagem multidisciplinar (gastroenterologista, nutricionista, dermatologista, cirurgião quando necessário).
O que fazer se houver suspeita
Encaminhe para avaliação especializada se houver diarreia crônica associada a perda de unhas, queda de cabelo ou hiperpigmentação cutânea. A intervenção precoce com suporte nutricional e investigação endoscópica aumenta a chance de controle dos sintomas e melhora do prognóstico.
Clínica Pronto Gastro São Paulo
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