Atenção ao sobrepeso abdominal e o risco de hérnia de hiato

O excesso de gordura na região abdominal (especialmente a gordura visceral, profunda) eleva a pressão dentro da cavidade abdominal. Esse aumento de pressão altera a posição do estômago e do hiato diafragmático, favorecendo o deslocamento do esôfago inferior e do cardia do estômago para dentro do tórax — o que chamamos de hérnia de hiato. Além disso, o sobrepeso central está associado a maior chance de refluxo gastroesofágico (DRGE), agravando sintomas e complicações.
Tipos de hérnia de hiato e como o peso influencia
Existem basicamente dois tipos principais: a hérnia deslizante (a mais comum), em que a junção esôfago-estômago se desloca para cima e volta; e a hérnia paraesofágica, menos comum, em que parte do estômago permanece “presa” no tórax. O aumento da pressão abdominal por sobrepeso favorece tanto o aparecimento quanto a progressão das hérnias deslizantes e está associado a maior sintomatologia em pacientes com DRGE.
Sinais e sintomas a observar
Nem toda hérnia de hiato causa sintomas — muitas são achados incidentais — mas quando presentes, os sinais mais frequentes são:
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azia e regurgitação ácida;
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dor ou desconforto retroesternal;
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sensação de refluxo que piora ao se deitar;
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dificuldade para engolir (disfagia) em hérnias maiores;
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tosse crônica, rouquidão ou desconforto respiratório por microaspiração;
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em casos raros, sangramento por úlceras associadas à hérnia (Cameron ulcers).
Se houver dor intensa, vômitos persistentes, dificuldade respiratória ou sinais de obstrução, procure atendimento urgente.
Como é feito o diagnóstico
A investigação começa com história clínica e exame. Exames que habitualmente esclarecem o diagnóstico:
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Esofagografia (trânsito esofágico com contraste) — útil para visualizar o deslocamento do estômago;
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Endoscopia digestiva alta — avalia mucosa, refluxo, presença de úlceras e mede a dimensão da hérnia;
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Manometria e pHmetria podem ser necessárias quando se avalia função esofágica ou relação com refluxo.
Tratamento: perda de peso como peça-chave
O tratamento depende do quadro clínico. Para muitos pacientes com sintomas de refluxo e hérnia pequenas, as medidas conservadoras são efetivas:
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Perda de peso (redução de gordura visceral) reduz pressão abdominal e melhora sintomas de refluxo e possibilidade de progressão da hérnia;
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Mudanças no estilo de vida: evitar refeições volumosas à noite, elevar a cabeceira da cama, evitar roupas apertadas na cintura, reduzir álcool e tabaco;
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Medicação: inibidores da bomba de prótons (IBP) e agentes procinéticos quando indicado para controle do refluxo;
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Tratamento cirúrgico: indicado em hérnias volumosas, sintomas refratários ou complicações (obstrução, sangramento, risco de estrangulamento). Em pacientes com obesidade grave, a estratégia cirúrgica pode ser discutida em conjunto com tratamento bariátrico quando apropriado.
Prevenção prática e recomendações
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medir a circunferência da cintura: metas variam por sexo e população, mas cintura aumentada é um marcador prático de risco;
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priorizar dieta com déficit calórico moderado, atividade física regular e melhora do condicionamento — a redução de gordura visceral traz benefícios diretos ao refluxo;
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evitar esforço físico intenso que gere picos de pressão intra-abdominal sem técnica adequada;
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controlar comorbidades associadas (apneia do sono, diabetes) que influenciam prognóstico.
Quando procurar um especialista
Se você tem sobrepeso abdominal e apresenta azia frequente, regurgitação, dor torácica recorrente ou sintomas de obstrução ao engolir, agende avaliação com gastroenterologista. Identificar e tratar precocemente reduz sintomas, melhora qualidade de vida e ajuda a definir se há necessidade de intervenção cirúrgica.
Clínica Pronto Gastro São Paulo
Responsável Técnico: Dr. José Luiz Capalbo – CRM: 71430-SP
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